quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Dermatologia Pediátrica

                                      Bom dia, queridos seguidores!
Aqueles que me conhecem sabem das minhas paixões pela Dermatologia e pela Pediatria. Adoro trabalhar com crianças, pois o sorriso, o aceno ou o beijinho no final da consulta, fazem todo o esforço (e muitas vezes, “a briga”) durante a consulta valerem a pena! Por conta disso, vou reunir essas duas especialidades de que tanto gosto e, todas as quintas-feiras, trarei assuntos interessantes para abordarmos aqui sobre a saúde da pele dos nossos pequenos. E, para iniciar, nada melhor do que falarmos sobre as características e especificidades da pele das crianças.
O desenvolvimento da epiderme (camada mais externa da pele), inicia-se por volta da 4ª a 6ª semana de gestação, enquanto que a derme (camada intermediária da pele), inicia sua formação a partir da 3ª a 5ª semana do período embrionário. A hipoderme(camada de gordura e parte mais profunda da pele) tem seu desenvolvimento iniciado a partir do 2º trimestre de gestação. O desenvolvimento da pele fetal completa-se em torno da 28ª a 30ª semana do desenvolvimento intrauterino e, a partir da 34ª semana, assemelha-se à pele de um recém-nascido a termo.

A pele infantil é fina, frágil, imatura, sensível e pouco protegida. Apesar de ser constituída por todas as estruturas encontradas na pele do adulto, ainda não apresenta todas as suas funções (proteção, controle de temperatura, percepção, sensibilidade, excreção, vigilância imunológica e função endócrina) bem desenvolvidas. Somente após 2 a 3 anos será adquirida a maturidade equivalente à pele do adulto.
A pele do recém-nascido apresenta alto teor de água, tanto na epiderme, quanto na derme. Tal fator, aliado a outras características, confere à pele do bêbe o aspecto macio e tenro (que dá vontade de apertar e fazer carinho o dia todo). Todavia, trata-se de uma pele com menor teor de lipídios, em virtude da baixa atividade das glândulas sebáceas (que somente irão se manifestar na adolescência), o que determina maior desidratação e fragilidade à pele infantil. A função de barreira da pele encontra-se prejudicada nesta faixa etária, o que eleva o risco de intoxicação no caso do uso extensivo de substâncias na pele, devido ao aumento da permeabilidade cutânea. Além disso, com a barreira diminuída, há maior perda de calor pela pele, que desencadeia uma incapacidade de manter a temperatura corporal adequada. Há também redução da atividade dos melanócitos (células responsáveis pela proteção à radiação solar), determinando aumento da sensibilidade ao sol. O pH neutro ou levemente alcalino, característico da pele do recém-nascido, aumenta sua suscetibilidade a infecções cutâneas. No caso de bebês prematurao, todas essas características são ainda mais acentuadas, resultando em uma pele ainda mais sensível e frágil.
 
Essas são apenas algumas das especificidades da pele das crianças. Na próxima quinta-feira, vamos conversar sobre os cuidados especiais com a higiene da pele infantil, com o intuito de minimizar os déficits cutâneos característicos dessa faixa etária.
Até a próxima semana!
Dra. Aline M. Magnus
 
 
Referências bibliográficas:
1.Dermatologia Pediátrica. Silmara da Costa Pereira Cestari, Editora Atheneu, 2012
2.Dermatologia pediátrica. Zilda Najjar Prado de Oliveira, Editora Manole, 2009

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